"Desde a implantação da televisão no Brasil, em 1950, até o final daquela década, só se exibiam filmes estrangeiros. Em 1958, idealistas do cinema brasileiro resolveram criar um herói nacional, uma série totalmente escrita, interpretada, dirigida e produzida por artistas e técnicos brasileiros. Assim nasceu, inspirado na Polícia Rodoviária, criada em 1948 no Estado de São Paulo, o primeiro seriado para televisão da América Latina, O Vigilante Rodoviário.

O nome original do seriado era "O Patrulheiro Rodoviário", mas após o contrato de patrocínio pela Nestlé, a Toddy comprou um seriado de western norte-americano e o batizou de Patrulheiros do Oeste, o que resultou na mudança do título para "O Vigilante Rodoviário".

O Vigilante Rodoviário é a primeira série brasileira filmada em película de cinema. Até então, novelas, programas de auditório, seriados de televisão e mesmo comerciais, eram todos ao vivo. Foram 38 episódios mais 4 filmes que eram, na verdade, a compilação de 4 episódios com a adição de novas cenas. Estrelada por Carlos Miranda, o ator passou a fazer parte da polícia militar após o término da série. Seu parceiro, o cão Lobo, que antes da série era chamado de King, morreu em 1965.

A série começou a ser exibida em março de 1961, na TV TUPI de São Paulo e foi filmado de 1961 a 1962, tendo como produtor Alfredo Palácios e diretor Ary Fernandes. Contribuiu para lançar nomes como Ary Fontoura, Ary Toledo, Juca Chaves, Fulvio Stefanini, Milton Gonçalves, Rosa Maria Murtinho e Stênio Garcia, entre outros.

Com o desenvolvimento do projeto chegou-se à conclusão que o Vigilante precisaria de um companheiro e, assim, surgiu Lobo, um cão pastor alemão. O seriado tinha como tema as aventuras do Inspetor Carlos e seu fiel amigo Lobo na luta contra o crime e a contravenção, a bordo de um Simca Chambord ou de uma Harley Davidson. A dupla era - sem os abusos decorrentes do uso inadequado da força - bastante simpática à população, inspirando proteção e segurança e veiculando mensagens educativas.

O sucesso foi tão grande, que o seriado foi reprisado várias vezes durante as décadas de 60 e 70 na TV Tupi, Cultura e Globo, sendo que a última exibição na TV ocorreu em 1976. Mesmo com todo sucesso o seriado terminou por falta de dinheiro quando mudou a diretoria da Nestlé, que não quis arcar com os custos para dar continuidade à série. "A série custou muitas lágrimas para ser produzida, mas faria tudo de novo!" diz Carlos.

A vida acabou imitando a arte. Encerrada a série, Carlos tornou-se um Patrulheiro Rodoviário de verdade, ingressando na Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo, onde ficou de 1965 até 1988, indo para a reserva como Tenente-Coronel."

Bibliografia

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