Os programas educativos

Sempre que algo é falado sobre programas infantis, há a discussão sobre o teor educativo da programação. Se feito para crianças, eles devem educar de alguma forma. Porém, nem sempre isso acontece.

Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente indicava um atendimento prioritário deste segmento da televisão para as necessidades educativas das crianças. Segundo o artigo 76: “As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas.”

Os programas educativos surgem como obrigatórios em 1967 e sua finalidade era educar adolescentes e adultos que porventura pararam de estudar. Os programas eram semelhantes a uma aula comum, tornando-se chatos e monótonos. Hoje, o tempo de exibição obrigatória dos programas educativos diminuiu muito e a discussão sobre educação nos programas migrou para a programação infantil.

As crianças aprendem com tudo o que vêem, independente de assistirem a um programa voltado especialmente a elas ou de um programa com o objetivo claro de educar. Então, surgiu a intenção de fazer programas que não fossem claramente educativos, mas fazer programas estimulantes e atrativos que possuíssem educação de uma maneira implícita.

O pioneiro deste estímulo foi o programa Vila Sésamo. Criado em 1969, nos EUA, o programa Sésame Street – e que chegou ao Brasil em 1972 – ensinava noções básicas de higiene e meio ambiente às crianças. Seu formato era inspirado em técnicas publicitárias. Sua maior crítica era o fato do entretenimento ser vazio de emoções. Era “excessivamente didático” e não levava em consideração o lado emocional e afetivo.

Um programa visto como um exemplo de entretenimento educativo é o programa Castelo Rá-Tim-Bum. Surgiu em 1994, na TV Cultura e foi criado por Cao Hamburguer. Apresentava narrativa com base dramática e recriava o uso desta narrativa como fio para enlaçar quadros pedagógicos. Ultrapassava o formato pedagógico e inseria elementos da fantasia infantil associado à realidade das crianças. Em meio a tudo isso, a criança aprendia e se divertia sem se dar conta disso.

Na verdade, Castelo Rá-Tim-Bum misturava elementos educativos de Vila Sésamo e Rá-Tim-Bum e elementos narrativos de Sítio do Pica-Pau Amarelo e Mundo da Lua. Com isto, temos o resultado de um programa bem feito, bem elaborado e que se tornou o preferido das crianças. Alcançou altos índices de audiência, mesmo sem ter esta intenção como objetivo principal. Não se pautou por formatos preexistentes que, em tese, são fórmulas certas de sucesso. Abriu caminho para um formato que sabe falar diretamente com as crianças, sem agredi-las ou insultá-las como seres sem inteligência.

São exemplos como este que nos mostram que falar diretamente à crianças com o objetivo de educá-las e entendê-las não é tratá-las como adultos pequenos e sim como crianças.

A responsabilidade de pais e mestres
Os programas educativos
Imaginário e Pensamento
Um olhar infantil

Bibliografia

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